Francisco Anselmo Neto (T’Xico Neto) – 10/05/1924 – 08/10/2005

Francisco Anselmo Neto, mais conhecido como T’Xico Neto, nasceu em 10 de Maio de 1924, seis anos depois do final da Primeira Grande Guerra e alguns anos antes da criação do Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar. Viveu durante toda a ditadura Salazarista e passou pela Segunda Grande Guerra, períodos bastante difíceis da vida portuguesa e mundial.

Começou a trabalhar bastante jovem, na agricultura, como era hábito nessa altura nestes meios rurais. Por volta de 1950 foi trabalhar para os CTT (Correios), onde era “condutor de malas” em Alcaria. A sua função era trazer as malas de correio que chegavam de comboio a Alcaria, para os postos públicos de correios de Alcaria e Peroviseu. Trazia também o correio para a Quinta do Crasto. Nessa altura não havia distribuição de correio ao domicílio. Eram as pessoas que tinham de se deslocar aos postos públicos para ir buscar a sua correspondência. Só a partir de aproximadamente 1955 é que passou a haver distribuição ao domicílio. O T’Xico Neto trazia as malas de correio que depois era distribuído pelo carteiro. Ao longo dos anos que trabalhou como condutor de malas, oT’Xico Neto colaborou com vários carteiros: José Amaral, Joaquim Lopes, José Pereira e César Nunes. A partir de aproximadamente 1978, o correio deixou de ser transportado por comboio e o T’Xico Neto saiu dos correios e passou a ser cobrador da EDP. Fazia também algumas reparações e manutenção na cabine pública e nos contadores domésticos.

Entrou para a Banda Filarmónica com tenra idade (10 anos aproximadamente), isto por volta de 1934. Contava ele que nessa altura era preciso muito gosto e força de vontade para fazer parte da Banda. Iam para as festas de burro, isto quem tinha um burrito, quem não tinha, ia a pé. Tocavam desde o nascer do sol (Alvorada) até ás tantas da noite. Andavam vários dias pelas festas sem vir a casa. Lá dormiam onde calhava! Contava ainda em jeito de brincadeira que nessa altura a Banda tocava duas músicas: a música dos instrumentos e o cantar dos burros que os transportavam.

Foi mestre da Banda durante aproximadamente 40 anos. Tornou-se mestre da Banda por volta de 1960. Ao suceder ao maestro Ferreira da Graça na direcção da Banda Filarmónica de Peroviseu. Juntamente com outros elementos da Banda ensinou musica a dezenas de aprendizes, muitos dos quais ainda hoje tocam na banda. Tocava vários instrumentos da classe dos metais, tocou trombone, contrabaixo, bombardino, trompete e todos os instrumentos de bocal. Dono de um excelente ouvido, era geralmente ele que dava o mote para começar os bailaricos de rua, abrilhantados por várias músicas tocadas de ouvido pela banda. Grandes bailaricos improvisados se faziam!!! Bons velhos
tempos!!!

Depois de ter abandonado a regência ainda tocou na Banda durante mais alguns anos. Acabou por sair da Banda em 2004 devido ao peso da idade (80 anos) e a problemas de saúde provocados pela doença que acabou por o vitimar em Outubro de 2005. O T’Xico Neto foi casado com a D. Maria José, da qual teve duas filhas.