De momento não existem eventos registados
Encontro de Bandas em Sta Maria da Feira
Clique na imagem para ver o tamanho original
Como havíamos noticiado estivemos lá. Acompanhamos o encontro e conversamos com várias pessoas intervenientes, entre as quais com o compositor convidado, Teo Aparício Barberán que, por intermédio do nosso parceiro Cardoso & Conceição veio pela 1ª vez a Portugal em 2001 no âmbito de um intercâmbio de maestros proporcionado por esta empresa, entre o Maestro da Banda Sinfónica de jovens de Sta Maria da Feira, Prof. Paulo Martins, e este compositor enquanto maestro da Banda de Alaquás – Valência. Cumprirá antes de mais apresentar a todas as Bandas parabéns pelo seu trabalho e pelo seu empenho na concretização deste encontro. Todas estiveram bem. Todas mostraram progresso e foi um grande espectáculo. Á Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, á excepção da nossa discordância quanto à escolha do compositor convidado (a que fizemos alusão quando noticiamos o evento e a que reservamos algumas palavras no final deste texto), nada temos a referir a não ser que a aposta na cultura musical - nos eventos desta natureza - permitirá maior visibilidade às nossas Bandas, às terras onde pertencem, ao concelho, desde que a organização se inteire de todas as formas lógicas de promoção da nossa cultura e das nossas potencialidades, e, tratando-se do erário público, quiçá das formas mais económicas... As Bandas têm muitas necessidades a serem atendidas. No essencial o encontro decorreu com a normalidade de um encontro de Bandas. Apenas três detalhes fizeram a diferença: Fogo de artifício, um solista de Trompete (Prof. Manuel Luís Azevedo) fora do palco num plano elevado e a música portuguesa da qual nenhuma Banda se esqueceu, felizmente. Carlos Marques, fortemente representado, Alberto Madureira e Alexandre Coelho foram os nossos compositores seleccionados pelas quatro Bandas. Quanto à execução em conjunto, dada a quantidade de músicos envolvidos na mesma – mais de duzentos – suscitou no público, como seria de esperar, alguma curiosidade. A obra encomendada “Poeme For Synphonic Band” dirigida pelo próprio compositor a quem foi encomendada, foi, como seria de esperar, em termos de audição, confusa. A própria acústica, o pouco tempo de preparação, uma vez que foi entregue às Bandas num momento em que estas estão mais preocupadas com a temporada de verão do que em preparar algo de novo que nada tem a ver com os seus objectivos estratégicos, e, neste contexto juntar quatro Bandas Filarmónicas para fazer um poema Sinfónico é algo que não lembra, propriamente, a toda a gente... O último encontro de Bandas, organizado pela Banda Marcial do Vale, correu na perfeição em todos os sentidos e foi de facto uma autêntica festa. Este não esteve diferente. Se manteve o orçamento, como seria justo salvo os devidos incrementos decorrentes da inflação, do fogo de artifício e do preço da Obra (?), tanto melhor. Esperamos ter a breve prazo o responsável pela organização do evento, Dr. Amadeu Albergaria, para uma entrevista a este portal. Aqui chegados, cumpre-nos, por uma questão de salvaguarda da dignidade que deve caracterizar sempre uma opinião, lembrar que a nossa posição acerca da escolha de um compositor estrangeiro nada encerra – nem tal seria concordante com a nossa forma de estar na vida – de crítica ou desvalorização do mérito, capacidades ou competência do maestro Teo Aparício Barberán. Como referimos no início, não é a primeira vez que esta prestigiada figura do nosso país vizinho nos visita, e a sua presença em Portugal enche-nos de satisfação. O que nos causa discordância é a opção por um compositor estrangeiro (este ou qualquer outro) para se escrever uma obra a executar em Portugal, num evento com bandas portuguesas. Não houvesse, no nosso contexto filarmónico, gente capaz de produzir obras de elevadíssimo quilate (como reconhecidamente há) e a nossa crítica ficaria vazia de significado. Há, porém, muitos e bons compositores portugueses, que lutam pela “sobrevivência” num meio que lhes é francamente adverso e que urge estimular. Se nós próprios não promovemos aquilo que é nosso, quem os promoverá?? A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira fez uma opção com a qual discordamos, mas respeitamos inteiramente. Estamos até certos de que essa opção não decorreu de uma intenção propositada de desfavorecer o que é “made in Portugal” mas antes de uma tentativa – que se saúda – de prestigiar o evento que organizou e, estamos em crer, numa iniciativa futura terá estas questões em maior conta. De resto, registe-se que o próprio compositor, Teo Barberán, reconhece a legitimidade da nossa opinião e não se sentiu melindrado com a mesma. Todos os pontos de vista que aqui se reflectem foram-lhe apresentados e explicados admitindo o compositor que, fosse o evento produzido em Valência, nas mesmas circunstâncias, poderia ter tomado a mesma posição que nós, ou seja, discordar. Registamos, por último, com satisfação, da informal conversa havida, que este compositor considera que nestes últimos anos as Bandas Portuguesas se desenvolveram como em nenhum outro país da Europa. Logicamente que para isso contribuíram, para além da formação específica adquirida nas escolas, os maestros que nestes últimos anos as trabalharam e as levaram ao ponto onde estão, motivo de apreço do compositor Teo.