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A Associação de Socorros Mútuos Montepio Filarmónico, com Sede na Rua Serpa Pinto, 10 – D em Lisboa é a mais antiga das associações de socorro mútuo actualmente existente e das primeiras que se organizou em Portugal. Foi fundada em 1834 por João Alberto Rodrigues Costa, com o objectivo de ajudar os músicos em dificuldades financeiras, nasceu e cresceu no seio da Irmandade de Santa Cecília (esta, fundada em 1603 e ainda em actividade).

Com o objectivo de comemorar os seus 180 anos, a Direcção desta Associação irá levar a efeito no dia 4 de Novembro de 2014 pelas 17h00, uma sessão solene no salão nobre da Casa da Imprensa em Lisboa e um concerto com a Banda Sinfónica da Policia de Segurança Pública no Sábado seguinte, dia 8 de Novembro pelas 16h00 na Basílica dos Mártires ao Chiado. Simultânemente na sessão Solene será feita uma homenagem póstuma ao Professor Joseph Scherpereel.

Joseph Scherpereel

Nascido em Lille em 1934, é diplomado em Musicologia, Letras e Português, pela Sorbone de Paris, Ph. D.

É diplomado em Musicologia pela “ University of Southern California, Los Angeles, e professor agregado daquela Universidade, e tendo igualmente integrado o corpo docente das Universidades de Lille e de Nice e desempenhado as funções de Director do Departamento de Musica e Musicologia na Universidade de Bordéus.

É autor de diversos escritos sobre música e músicos portugueses dos séculos XVIII e XIX, dos quais destacamos os livros sobre “ João Domingos Bomtempo e a sua época “ e “ A Orquestra e os Instrumentistas da Real Câmara de Lisboa de 1764 a 1834 “ obras editadas pelo Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian.

São particularmente importantes os contributos recentemente divulgados por este musicólogo sobre a história da música portuguesa nos séculos XVIII e XIX.

Assim, segundo o livro sobre “A Orquestra e os Instrumentistas da Real Câmara de Lisboa”, Portugal poderá vangloriar-se de ter possuído uma das melhores orquestras europeias e mesmo a maior orquestra daquele período (reinados de D. José I e de D. Maria I). Poderá pois inferir-se que pela constituição daquela orquestra, pela importância das composições criadas durante aquele período, quer de autores portugueses quer estrangeiros e interpretadas pela referida orquestra, e tendo ainda em atenção a elevada qualificação dos seus instrumentistas – considerados como dos melhores da Europa, poderá por conseguinte concluir-se que se tratou efectivamente de um período áureo da música portuguesa.

Nas pesquisas efectuadas ao longo de muitos anos, Joseph Scherpereel baseou-se em diversos documentos da Torre do Tombo, das Bibliotecas Nacional e da Ajuda, nos museus nacionais de Arte Antiga de Lisboa e de Soares dos Reis do Porto, sendo no entanto de realçar igualmente os inúmeros dados obtidos nos arquivos da Irmandade de Santa Cecília.

É ainda de salientar nesta breve resenha que este ilustre musicólogo tem proferido diversas conferências sobre a música em Portugal nos séculos XVIII e XIX e também sobre alguns dos mais importantes compositores e instrumentistas portugueses daquele período, o que tem suscitado o maior interesse por parte de muitos estudantes e professores de música, que têm assistido às suas conferências, os quais se têm mostrado vivamente interessados pela musicologia, tanto em Portugal como no estrangeiro.

Relativamente  à importância dos arquivos da Irmandade de Santa Cecília, advém do facto de esta Irmandade ter representado nos séculos XVIII e XIX praticamente todos os músicos profissionais que exerciam a sua actividade em Lisboa, tanto portugueses como estrangeiros, inscrevendo-os nos seus registos, apoiando-os e defendendo os seus interesses e os seus direitos.

Assim, o registo dos músicos e de praticamente toda a sua actividade, são factores que, devidamente coordenados e criteriosamente interpretados constituem na realidade um importante património histórico e cultural, o que aliás se pode constatar pelo trabalho desenvolvido há mais de trinta anos pelo douto e perseverante investigador Joseph Scherpereel e por sua esposa.