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Aniversário da Morte de Adolph Sax
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Completados 110 anos sobre a morte do inventor do Saxofone, o bandasfilarmonicas.com deixa aqui uma singela homenagem, reproduzindo um texto que nos foi enviado gentilmente por Claudio Rogerio Lopes, músico de nacionalidade brasileira. Adolph Sax nasceu em Dinant, uma cidade no vale de Meuve na Bélgica, no dia 6 de Novembro de 1814. Charles-Joseph Sax, seu pai, era um carpinteiro que construiu uma fábrica para instrumentos de sopro de madeira e instrumentos de metal. Do pai ele herdou a técnica e criatividade para o comércio. A relação de Adolph com o pai era boa e baseada no respeito mútuo. Pouco se sabe sobre sua mãe, excepto que ela vivia muito ocupada cuidando dos onze filhos do casal. Adolph iniciou a sua educação formal na Royal School of Singing (Bruxelas); Foi aí que estudou flauta e clarinete. Dizem que se Sax não tivesse entrado nos negócios da família teria feito carreira como clarinetista profissional. Charles concentrou todas as suas energias na sua fábrica de instrumentos para ir ganhando a vida, enquanto Adolph ia experimentando novos designs com a finalidade de criar novos instrumentos. Sax termina, em 1834, o aperfeiçoamento do clarinete-baixo; talvez daí viesse a ideia de fabricar um novo instrumento, pois o formato do clarinete-baixo e o do saxofone são bastante semelhantes, com a diferença de que o corpo do clarinete-baixo é mais alongado e feito de madeira e, principalmente, por pertencer à família do clarinete; mas o primeiro saxofone nasceu quando Sax adaptou uma palheta de um clarinete ao bocal de um oficlide (um predecessor da tuba, só que em forma de "U", como o fagote). O resultado foi um saxofone-baixo; a partir deste, Sax criou toda a restante da família. Historiadores estão de acordo que Adolph Sax projectou e construiu o saxofone por volta de 1840. Apesar de ser de metal, o saxofone pertence à família das madeiras. Isso ocorre porque ele combina na sua construção a palheta simples, com boquilha do clarinete, e o corpo cónico do oboé, com o interessante mecanismo de chaves da flauta moderna introduzido por Böehm em1847. Uma classificação mais interessante para esses instrumentos de sopro hoje seria: instrumentos de chaves. O esboço básico deste instrumento nunca mudou, embora muitos aperfeiçoamentos tenham sido feitos. Dessa incrível habilidade criativa nasceram o Sax Horn (uma espécie de tuba) e os saxofones. Quando Adolph completou 25 anos, foi atraído pelo encanto de Paris, e mudou-se para lá. Enquanto viveu em Paris, ele conheceu muitos músicos notáveis, nomeadamente Meyerbeer, Berlioz e Leonard Almada. Contudo, foi obrigado a mudar-se para Bruxelas por razões económicas. Depois de um período de tragédia familiar onde Charles viu oito dos seus filhos morrerem, pai e filho dedicaram-se exclusivamente ao trabalho, entorpecendo a dor da perda. Porém, a viagem a Paris teve um efeito duradouro em Adolphe e ele não pôde esperar pela oportunidade de voltar. Tendo recebido várias ofertas de trabalho que ele aceitou (algumas em Londres e St Petersburgo), finalmente voltou a Paris na sequência de uma oferta de trabalho para o Serviço Militar francês. Tendo concebido o saxofone como um instrumento que combinaria os instrumentos de madeira com os de metal, pela produção de um som que descreveria propriedades de ambos, Sax submeteu-o a teste (o primeiro em conjunto) com as bandas militares francesas. A aceitação foi imediata. Em 12 de Julho do mesmo ano, Sax é entrevistado pelo seu amigo Hector Berlioz, compositor e escritor do artigo, na "Paris Magazine" (jornal de debates), descrevendo a sua nova invenção: o SAXOFONE: "Melhor que qualquer outro instrumento, o saxofone é capaz de modificar o seu som a fim de lhe dar as qualidades convenientes, e de lhe conservar a igualdade perfeita em toda sua extensão. Eu construí-o em cobre, e em forma de cone parabólico. O saxofone tem boquilha com palheta simples como embocadura, uma digitação próxima à da flauta e à do clarinete, e podemos, se quisermos, colocar-lhe todas as digitações possíveis", diz Sax. Em 1844, o saxofone é exibido pela primeira vez na "Paris Industrial Exibicion" e, no dia 3 de Fevereiro do mesmo ano, Hector Berlioz esboça o arranjo do coral “Chant Sacre”, no qual inclui o saxofone. "Nenhum instrumento que conheço possui essa estranha sonoridade situada no limite do silêncio", afirma H. Berlioz. Ainda em Dezembro desse ano, é apresentada a primeira obra original para saxofone, inserido na orquestra de George Kastner, "Opera Laster King of Judá" ("O Último Rei de Judá"), no Conservatório de Paris. Em 1845, Sax aproveitando a menor qualidade da banda de infantaria francesa, recomendou ao Ministro de Guerra que se organizasse uma competição entre uma faixa com instrumentos tradicionais e uma com os seus instrumentos. É assim que ele refaz a Banda Militar, substituindo o oboé, fagote e trompas francesas por instrumento da sua invenção: saxofones, saxhorns em Sib e Mib, produzindo maior homogeneidade sonora; essa ideia foi um sucesso. Dali em diante os saxes foram adoptados na música militar francesa. O saxhorn é uma espécie de instrumento de sopro feito de latão com embocadura de bocal e pistões que compreende o sopranino, soprano, contralto, barítono, baixo, contra-baixo (tuba), que funciona de forma análoga às tubas wagnerianas e às trompas de pistões. O seu formato é também muito semelhante ao das tubas empregadas por Wagner na "Tetralogia". A tuba, que é um saxhorn baixo, munido de 4 ou até 5 pistões, constitui o único instrumento da família dos saxhorns em uso constante na orquestra sinfónica; os demais restringem-se às bandas sinfónicas, militares e musicais no caso dos barítonos e contraltos. O saxofone foi patenteado em 1846 incluindo 14 variações: Sopranino em Mib, Sopranino em Fá, Soprano em Sib, Soprano em Dó, Alto em Mib, Contralto em Fá, Tenor em Sib, Tenor em Dó, Barítono em Mib, Barítono em Fá, Baixo em Sib, Baixo em Dó, Contra-baixo em Mib e Contra-baixo em Fá. Em 1858, Adolph Sax torna-se professor do Conservatório de Paris, onde começou a leccionar os princípios e mecanismos do instrumento. O primeiro método para saxofone também foi atribuído a George Kastner (1846); mais tarde vieram os métodos de Hyacinthe Klosé ("Método Elementar Alto e Tenor" - 1877;" Barítono e Soprano " - 1879 e 1881). Porém, Adolph nunca enriqueceu. Devido ao seu sucesso, os concorrentes, de olho nos lucros, lançaram uma tremenda campanha contra si. Entre outros golpes, acusaram-no de ter roubado a ideia do saxofone, subornaram músicos para boicotar os seus instrumentos e fizeram com que os compositores deixassem o sax à margem das salas de concerto. Adolph sobreviveu aos ataques até que, em 1870, a sua patente expirou e qualquer um pôde fazer saxofones, levando a sua fábrica à falência. Duas vezes Adolph Sax declarou bancarrota (em 1856 e 1873). Muitos processos foram movidos contra ele e passou grande parte da sua vida em batalhas judiciais, delapidando ainda mais o seu património. Aos oitenta anos de idade e falido, três compositores se sensibilizaram (Emmanuel Chabrier, Jules Massenet e Camile São-Saens) e solicitaram ao Ministro francês de belas artes auxílio para Sax. Fruto da pequena pensão que lhe foi, assim, atribuída, Sax pôde ter uma existência digna nos últimos anos de vida. Antonie Joseph, conhecido como Adolphe Sax, morreu no dia 4 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade. Obs: Conta-se, a título de curiosidade, que, pelo facto do inventor do saxofone ser Judeu, todos os saxofonistas na Alemanha Nazi foram perseguidos.