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Nem só de alegrias e conquistas vive a música, à semelhança de outras áreas da nossa vida. Desta feita, é com pesar que divulgamos a notícia, que nos chegou através da “Miso Music Portugal” da a morte do compositor e teórico musical Fernando Corrêa de Oliveira, ocorrida no passado dia 21 de Outubro, no Porto. Tendo nascido nessa mesma cidade em 1921, Fernando Corrêa de Oliveira foi autor do sistema de composição a que chamou "Simetria Sonora", baseado na harmonia e no contraponto simétricos, e no qual escreveu todas as suas obras a partir de 1949. Fernando Corrêa de Oliveira era o decano dos compositores portugueses e uma figura que deixou uma marca indelével na história musical portuguesa contemporânea. A construção da sua escola "Parnaso", vocacionada para o ensino de música, ballet e teatro, em 1957, veio oferecer ao Porto um pólo de actividades culturais diversificadas, sendo de realçar o facto de o auditório desta instituição ser um dos melhores da cidade para a época. Fernando Corrêa de Oliveira foi aluno do compositor Cláudio Carneyro e divulgou o seu sistema de composição junto de figuras como Humphrey Searle, Ernst Krenek ou Edgard Varèse. Do seu catálogo de obras destacam-se cinco sinfonias, duas óperas - O Cábula e O Planeta, a primeira das quais editada em disco em 1965 - e diversas obras didácticas, num total de cerca de setenta composições. Apesar de muitas delas serem ainda hoje inéditas, algumas das mais importantes obras de Fernando Corrêa de Oliveira foram estreadas por maestros como Manuel Ivo Cruz, Günther Arglebe ou Joly Braga Santos, e diversas peças do seu repertório de câmara foram executadas por intérpretes como Helena Sá e Costa ou François Broos. De entre os compositores que empregaram o seu sistema de composição, são de realçar os nomes de Berta Alves de Sousa e Victor Macedo Pinto, devendo também destacar-se músicos como Jorge Constante Pereira ou Pedro Burmester do elevado número de alunos que frequentou o "Parnaso". Recentemente, o violinista João Pedro Cunha defendeu em Inglaterra uma dissertação de mestrado sobre o sistema de composição de Fernando Corrêa de Oliveira, perpetuando assim a divulgação além-fronteiras da "Simetria Sonora", algo que o seu autor já fizera desde as décadas de 1950 e 1960. Fernando Corrêa de Oliveira foi fundador e presidente da Associação da Juventude Musical Portuguesa do Porto e leccionou as disciplinas de História da Música e Composição nos Conservatórios de Braga, de Guimarães e do Porto e na Escola Superior de Música do Porto, entre outras instituições. É de lamentar profundamente a falta de reconhecimento, por parte das instituições públicas nacionais, de um dos autores fundamentais da música portuguesa do século XX. Ergueu-se, de forma incompreensível, um verdadeiro muro de silêncio à volta da sua obra, não obstante o valor, rigor e invejável coerência da mesma. Com o desaparecimento de Fernando Corrêa de Oliveira permanece, todavia, um legado de vulto, e espera-se que urgentemente lhe seja reconhecida toda a atenção que, com efeito, merece.